Enquanto os parlamentares no Brasil preferem ficar instaurando CPIs, com troca de farpas e picuinhas entre eles, é possível ver como muita coisa ainda precisa ser feita neste país, em prol das população. Recebi agora a mais recente pesquisa sobre a violência domestica já realizada no país, e confesso que fiquei estarrecido com tudo o que li, e com os índices.
A pesquisa fala sobre as mulheres que são assassinadas covardemente por seus companheiros e maridos, e tenta entender as razões porque elas não se separam desses homens violentos.
A experiência tem nos mostrado que a maioria das mulheres assassinadas no país hoje, ou já haviam sido espancadas, ou ameaçadas antes pelos maridos e companheiros. Questionava-se então porque elas não se separavam de seus agressores. Esta pesquisa do Instituto Avon, com mais de 2 mil pessoas de norte a sul do país, enfim, esclareceu as razões.
Paradoxalmente, é por medo de morrer que elas acabam sendo mortas. A grande maioria desses casos se dá no Nordeste, onde 20% delas fizeram a confissão - e isto significa também que a violência ocorria não era porque as mulheres "gostavam de apanhar" como alegava os homens.
Para a mulher, manter esses relacionamentos doentios dizia respeito, não apenas a sobrevivência dela, mas também a dos filhos. Ou seja, a mulher não se separa de seu agressor porque não tem como sustentar os filhos sozinha. O que revela que elas tem 'consciência do risco que correm' mas não sabem como sair dele.
Pior que isto é o fato de saber que, as leis não ajudam. A lei Maria da Penha foi um avanço, mas ainda é pouco. Faz-se necessário criar um sistema maior (mais amplo) de educação e apoio para a família. A descrença que temos hoje no aparelho policial e judicial do país, não somente indica porque essas mulheres ainda evitam fazer as denúncias, indica também porque aumenta tanto o número dos casos.